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Por que a dor continua mesmo depois da lesão ter cicatrizado?

O gráfico que muda completamente a forma de entender a dor persistente


Uma das maiores viradas de chave na fisioterapia moderna — tanto para profissionais quanto para pacientes — é compreender que dor e lesão não são a mesma coisa.

O gráfico que apresentamos neste conteúdo ilustra um conceito fundamental:



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➡️ os tecidos têm um tempo definido para cicatrizar, mas a dor pode persistir mesmo depois disso.


Tecidos cicatrizam. A dor pode continuar.


Após uma lesão, o corpo segue um processo biológico bem organizado, dividido em fases:

  • inflamação,

  • reparo,

  • remodelação.


Esse ciclo dura, em média, dias a poucas semanas, podendo chegar a cerca de 4 a 8 semanas, dependendo do tecido e do fluxo sanguíneo local.


Ou seja:


➡️ depois desse período, o tecido já está cicatrizado.

Mas então surge a pergunta comum na clínica:“Se está tudo cicatrizado, por que a dor continua?”


A resposta está no sistema nervoso.


Quando o problema deixa de ser o tecido


Com o passar do tempo, aquela dor que começou como uma lesão real pode se transformar em um quadro de sensibilização do sistema nervoso.

É como se o “alarme” do corpo ficasse preso no modo alerta máximo.Mesmo sem perigo real, ele continua disparando.

Nesse estágio, não falamos mais de dano estrutural, mas de hipersensibilidade neural — um processo conhecido como dor persistente ou dor neurossensibilizada.


A inflamação é necessária — mas precisa ter fim


A inflamação não é inimiga do corpo. Pelo contrário, ela é essencial:

  • protege o tecido,

  • remove resíduos,

  • inicia o processo de cicatrização.


O problema acontece quando essa ativação inflamatória se prolonga ou quando o sistema nervoso permanece supervigilante.Essa combinação mantém os receptores de perigo ativos, mesmo após a lesão estar resolvida.


Resultado: o alarme segue tocando, mesmo sem incêndio.


Por que isso muda a prática clínica?


Muitos pacientes acreditam que:

“Se doeu, é porque machucou de novo.”

Essa interpretação gera medo, evita movimento e perpetua o ciclo da dor.

Por isso, uma mensagem precisa ficar muito clara:


Sentir dor não significa, automaticamente, nova lesão ou piora do quadro.

Na maioria dos casos de dor persistente, dor significa:➡️ sensibilidade aumentada — não dano.


Como recalibrar um sistema nervoso sensível?

Assim como um alarme excessivamente sensível dispara com qualquer estímulo, o sistema nervoso sensibilizado responde com dor a movimentos antes considerados normais.

A boa notícia é que isso é treinável e reversível.

A recalibração acontece por meio de:

  • movimento gradual, progressivo e seguro;

  • exposição controlada ao esforço;

  • exercícios ativos que devolvem confiança ao corpo;

  • educação em dor, reduzindo medo e catastrofização;

  • estratégias terapêuticas que modulam a sensibilidade e restauram o controle.


Quando o paciente entende esse processo, ele deixa de procurar “onde está a lesão” e passa a focar no que realmente muda o quadro:treinar o sistema nervoso para confiar novamente.


A mensagem final

Dor que persiste não significa que você está machucado.Significa que o corpo ficou mais sensível —e essa sensibilidade pode (e deve) ser reeducada.

Entender isso é o primeiro passo para tratar dor persistente de forma eficaz, segura e baseada em ciência

 
 
 

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