Por que a dor continua mesmo depois da lesão ter cicatrizado?
- ReabFisio
- há 4 dias
- 2 min de leitura
O gráfico que muda completamente a forma de entender a dor persistente
Uma das maiores viradas de chave na fisioterapia moderna — tanto para profissionais quanto para pacientes — é compreender que dor e lesão não são a mesma coisa.
O gráfico que apresentamos neste conteúdo ilustra um conceito fundamental:

➡️ os tecidos têm um tempo definido para cicatrizar, mas a dor pode persistir mesmo depois disso.
Tecidos cicatrizam. A dor pode continuar.
Após uma lesão, o corpo segue um processo biológico bem organizado, dividido em fases:
inflamação,
reparo,
remodelação.
Esse ciclo dura, em média, dias a poucas semanas, podendo chegar a cerca de 4 a 8 semanas, dependendo do tecido e do fluxo sanguíneo local.
Ou seja:
➡️ depois desse período, o tecido já está cicatrizado.
Mas então surge a pergunta comum na clínica:“Se está tudo cicatrizado, por que a dor continua?”
A resposta está no sistema nervoso.
Quando o problema deixa de ser o tecido
Com o passar do tempo, aquela dor que começou como uma lesão real pode se transformar em um quadro de sensibilização do sistema nervoso.
É como se o “alarme” do corpo ficasse preso no modo alerta máximo.Mesmo sem perigo real, ele continua disparando.
Nesse estágio, não falamos mais de dano estrutural, mas de hipersensibilidade neural — um processo conhecido como dor persistente ou dor neurossensibilizada.
A inflamação é necessária — mas precisa ter fim
A inflamação não é inimiga do corpo. Pelo contrário, ela é essencial:
protege o tecido,
remove resíduos,
inicia o processo de cicatrização.
O problema acontece quando essa ativação inflamatória se prolonga ou quando o sistema nervoso permanece supervigilante.Essa combinação mantém os receptores de perigo ativos, mesmo após a lesão estar resolvida.
Resultado: o alarme segue tocando, mesmo sem incêndio.
Por que isso muda a prática clínica?
Muitos pacientes acreditam que:
“Se doeu, é porque machucou de novo.”
Essa interpretação gera medo, evita movimento e perpetua o ciclo da dor.
Por isso, uma mensagem precisa ficar muito clara:
Sentir dor não significa, automaticamente, nova lesão ou piora do quadro.
Na maioria dos casos de dor persistente, dor significa:➡️ sensibilidade aumentada — não dano.
Como recalibrar um sistema nervoso sensível?
Assim como um alarme excessivamente sensível dispara com qualquer estímulo, o sistema nervoso sensibilizado responde com dor a movimentos antes considerados normais.
A boa notícia é que isso é treinável e reversível.
A recalibração acontece por meio de:
movimento gradual, progressivo e seguro;
exposição controlada ao esforço;
exercícios ativos que devolvem confiança ao corpo;
educação em dor, reduzindo medo e catastrofização;
estratégias terapêuticas que modulam a sensibilidade e restauram o controle.
Quando o paciente entende esse processo, ele deixa de procurar “onde está a lesão” e passa a focar no que realmente muda o quadro:treinar o sistema nervoso para confiar novamente.
A mensagem final
Dor que persiste não significa que você está machucado.Significa que o corpo ficou mais sensível —e essa sensibilidade pode (e deve) ser reeducada.
Entender isso é o primeiro passo para tratar dor persistente de forma eficaz, segura e baseada em ciência






Comentários