Outubro Rosa: informação com cuidado
- ReabFisio
- 20 de out.
- 2 min de leitura

Desde os anos 1990, o Outubro Rosa se tornou um símbolo mundial da luta contra o câncer de mama.
A cor, as campanhas e o engajamento da sociedade têm um propósito nobre: promover o cuidado e a detecção precoce.
Mas, nos últimos anos, esse tema ganhou novas nuances — não apenas sobre fazer o exame, mas também sobre entender e comunicar o que o exame realmente significa.
O que o rastreio realmente mostra?
O rastreamento por mamografia é um instrumento importante, mas não é infalível.
A prevalência do câncer de mama varia entre 1% e 3,5%, dependendo da idade e de outros fatores de risco.
Isso significa que, em mil mulheres sem sintomas que fazem mamografia, entre 10 e 35 podem realmente ter câncer.
A mamografia digital tem boa precisão, mas seus números mudam conforme a idade:
• Sensibilidade (capacidade de identificar quem tem a doença): 63% a 95%
• Especificidade (capacidade de identificar quem não tem a doença): 85% a 95%
Na prática, quando aplicamos esses números, o cenário fica mais claro:
👉 Em um grupo de 1.000 mulheres rastreadas, com prevalência de 1%:
• 10 mulheres terão câncer.
• Destas, a mamografia identifica corretamente 9, mas pode deixar escapar 1.
• Das 990 sem câncer, cerca de 99 terão um falso positivo — um resultado alterado sem realmente haver doença.
Ou seja, teremos 108 resultados positivos, mas apenas 9 verdadeiros.
Em termos simples: quando uma mamografia vem positiva, a chance real de haver câncer é de cerca de 8%.
Como comunicar esses números?
Para o profissional de saúde, comunicar riscos é tão importante quanto saber interpretá-los.
Uma boa conversa começa com acolhimento e empatia:
“Entendo sua preocupação. Um exame suspeito assusta, mas vamos conversar com calma sobre o que esse resultado significa?”
Depois, a explicação deve vir em linguagem simples:
“Seu exame veio positivo, mas isso não quer dizer que a senhora tenha câncer agora.
De cada 100 mulheres com resultado como o seu, apenas cerca de 10 realmente têm câncer.
As outras 90 não têm.
Por isso fazemos exames complementares — para confirmar o que realmente é câncer e o que não é.”
Essa forma de comunicação ajuda a reduzir o medo, melhora o entendimento e fortalece a decisão compartilhada entre paciente e profissional.
Mais do que rastrear: decidir com consciência
Nem sempre o rastreio precoce traz benefícios claros.
Em pacientes de baixo risco, ou em faixas etárias em que o benefício é incerto, o rastreamento pode gerar mais ansiedade e procedimentos desnecessários do que proteção real.
Por isso, o papel do profissional é avaliar caso a caso, explicando riscos e benefícios antes de solicitar exames.
Essa postura não é de omissão — é de cuidado baseado em evidência e respeito à autonomia da paciente.
🎀 Neste Outubro Rosa, o convite é para uma reflexão:
Cuidar também é comunicar.
Acolher, orientar e decidir junto é o que realmente transforma o rastreamento em uma ação de saúde — e não apenas em um exame.






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