top of page

Outubro Rosa: informação com cuidado


ree

Desde os anos 1990, o Outubro Rosa se tornou um símbolo mundial da luta contra o câncer de mama.


A cor, as campanhas e o engajamento da sociedade têm um propósito nobre: promover o cuidado e a detecção precoce.

Mas, nos últimos anos, esse tema ganhou novas nuances — não apenas sobre fazer o exame, mas também sobre entender e comunicar o que o exame realmente significa.


O que o rastreio realmente mostra?


O rastreamento por mamografia é um instrumento importante, mas não é infalível.

A prevalência do câncer de mama varia entre 1% e 3,5%, dependendo da idade e de outros fatores de risco.

Isso significa que, em mil mulheres sem sintomas que fazem mamografia, entre 10 e 35 podem realmente ter câncer.


A mamografia digital tem boa precisão, mas seus números mudam conforme a idade:

• Sensibilidade (capacidade de identificar quem tem a doença): 63% a 95%

• Especificidade (capacidade de identificar quem não tem a doença): 85% a 95%


Na prática, quando aplicamos esses números, o cenário fica mais claro:


👉 Em um grupo de 1.000 mulheres rastreadas, com prevalência de 1%:

• 10 mulheres terão câncer.

• Destas, a mamografia identifica corretamente 9, mas pode deixar escapar 1.

• Das 990 sem câncer, cerca de 99 terão um falso positivo — um resultado alterado sem realmente haver doença.


Ou seja, teremos 108 resultados positivos, mas apenas 9 verdadeiros.

Em termos simples: quando uma mamografia vem positiva, a chance real de haver câncer é de cerca de 8%.


Como comunicar esses números?


Para o profissional de saúde, comunicar riscos é tão importante quanto saber interpretá-los.

Uma boa conversa começa com acolhimento e empatia:


“Entendo sua preocupação. Um exame suspeito assusta, mas vamos conversar com calma sobre o que esse resultado significa?”


Depois, a explicação deve vir em linguagem simples:


“Seu exame veio positivo, mas isso não quer dizer que a senhora tenha câncer agora.

De cada 100 mulheres com resultado como o seu, apenas cerca de 10 realmente têm câncer.

As outras 90 não têm.

Por isso fazemos exames complementares — para confirmar o que realmente é câncer e o que não é.”


Essa forma de comunicação ajuda a reduzir o medo, melhora o entendimento e fortalece a decisão compartilhada entre paciente e profissional.


Mais do que rastrear: decidir com consciência


Nem sempre o rastreio precoce traz benefícios claros.

Em pacientes de baixo risco, ou em faixas etárias em que o benefício é incerto, o rastreamento pode gerar mais ansiedade e procedimentos desnecessários do que proteção real.


Por isso, o papel do profissional é avaliar caso a caso, explicando riscos e benefícios antes de solicitar exames.

Essa postura não é de omissão — é de cuidado baseado em evidência e respeito à autonomia da paciente.


🎀 Neste Outubro Rosa, o convite é para uma reflexão:

Cuidar também é comunicar.


Acolher, orientar e decidir junto é o que realmente transforma o rastreamento em uma ação de saúde — e não apenas em um exame.

 
 
 

Comentários


bottom of page