Da Tríade da Mulher Atleta ao RED-S: a evolução no cuidado da saúde esportiva
- ReabFisio
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Durante muito tempo, quando se falava sobre os riscos da baixa ingestão de energia em atletas, o conceito mais conhecido era o da Tríade da Mulher Atleta.

Desenvolvido nos anos 1990, esse modelo explicava três problemas interligados:
Distúrbios alimentares (ou comportamento alimentar inadequado),
Disfunções menstruais,
Redução da densidade mineral óssea.
A tríade ajudou a chamar a atenção de treinadores, profissionais de saúde e atletas para uma relação importante: a falta de energia disponível no organismo pode comprometer tanto a saúde quanto o desempenho esportivo.
No entanto, com o avanço das pesquisas, percebeu-se que esse modelo era limitado — ele não incluía homens, deixava de fora outros sistemas do corpo e reduzia um problema complexo a apenas três desfechos.
O surgimento do conceito de RED-S
Para ampliar essa visão, o Comitê Olímpico Internacional (COI) propôs um novo conceito: o RED-S (Relative Energy Deficiency in Sport), traduzido como Deficiência Energética Relativa no Esporte.
O RED-S parte de um princípio central: a baixa disponibilidade energética (Low Energy Availability – LEA), que ocorre quando o atleta consome menos energia do que o necessário para sustentar o treinamento, a recuperação e as funções fisiológicas básicas do corpo.
Esse desequilíbrio pode ocorrer de forma intencional (por dietas restritivas ou busca de perda de peso) ou não intencional (quando o atleta simplesmente não consegue repor toda a energia gasta).
Impactos do RED-S no corpo
Diferente da tríade, o RED-S mostra que praticamente todos os sistemas do organismo podem ser afetados:
Metabolismo: queda do gasto energético basal e fadiga persistente.
Sistema hormonal: alterações no ciclo menstrual em mulheres e redução de testosterona em homens.
Saúde óssea: risco aumentado de fraturas por estresse e osteopenia.
Sistema imune: maior suscetibilidade a infecções.
Sistema cardiovascular: bradicardia, hipotensão e risco de arritmias.
Aspectos psicológicos: ansiedade, humor deprimido e dificuldade de concentração.
Performance esportiva: queda de força, velocidade e resistência, além de maior risco de lesões.
Por que essa mudança é tão importante?
A transição da Tríade da Mulher Atleta para o RED-S representa uma verdadeira mudança de paradigma na medicina esportiva:
O problema não é exclusivo das mulheres — homens também podem apresentar deficiência energética.
A saúde do atleta deve ser avaliada de forma integral, considerando todos os sistemas do corpo.
A prevenção e a educação tornam-se fundamentais: atletas, treinadores e famílias precisam estar atentos aos sinais precoces de desequilíbrio energético.
Manejo e prevenção
O tratamento do RED-S deve ser multiprofissional, envolvendo médico do esporte, nutricionista, psicólogo e fisioterapeuta.
O foco principal é restabelecer o equilíbrio energético, ajustando a ingestão alimentar e a carga de treinos. Além disso, é essencial:
Monitorar parâmetros clínicos e laboratoriais (como hormônios, metabolismo e saúde óssea);
Promover a educação nutricional e o autoconhecimento corporal;
Valorizar o descanso e a recuperação como parte do desempenho esportivo.
Conclusão
A evolução do conceito da Tríade da Mulher Atleta para o RED-S mostra como a ciência esportiva está em constante transformação.
Hoje sabemos que a energia disponível é a chave para sustentar saúde, performance e longevidade no esporte.
Na prática, isso significa que atletas — de todas as modalidades e gêneros — precisam dar atenção não apenas ao treinamento, mas também à nutrição, ao descanso e ao equilíbrio psicológico.
👉 Mais do que prevenir lesões ou quedas de rendimento, compreender o RED-S é investir em uma carreira esportiva mais longa, saudável e sustentável.






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