Síndrome ombro doloroso
Conceito
Ombro doloroso é uma síndrome caracterizada por dor e impotência funcional de graus variados, que acomete estruturas responsáveis pela movimentação do ombro, incluindo as articulações, tendões e músculos, ligamentos e bursas.
A estes sintomas se agregam àqueles que caracterizam transtornos ou afecções locais ou a distância de implicações etiopatogênicas no aparecimento da síndrome.
Anatomia local
Articulações
O ombro é formado por três articulações (gleno-umeral), acrômio-clavicular e esternoclavicular e uma região de deslizamento entre a escápula e região torácica, que são essenciais para todos os tipos de movimentos realizados pelo ombro.
Tendões e músculos
O principal grupo muscular responsável pela movimentação do ombro é o manguito rotador. O manguito rotador é formado pelos seguintes músculos: supra-espinhoso, infra-espinhoso, subescapular e redondo menor. Possui inserção tendinosa no úmero, facilitando a estabilidade articular e propiciando movimentação.
Bursas
A principal é a busca subacromial localizada acima do tendão do músculo supra-espinhoso e abaixo do acrômio.
Ligamentos
São responsáveis pela estabilidade da articulação; os principais são a cápsula gleno-umeral e o ligamento coracoacromial.
Causas
A freqüência aproximada das causas de ombro doloroso é a seguinte:
Bursites subdeltoidiana ou subacromial com ou sem depósito calcário
Em relação às causas de bursite subdeltoidiana ou subacromial temos:
Atividade excessiva;
Hiperabdução prolongada;
Ruptura do supra-espinhoso, infra-espinhoso ou longa porção do bíceps;
Luxação acrômio-clavicular;
Fratura do troquiter;
Irritação por osteófitos;
Aderência – pacientes crônicos em leito;
Alterações – inflamações no manguito músculo tendinoso integrado.
Clínica/métodos e avaliação
As formas clínicas do ombro doloroso se classificam da seguinte forma:
Quanto à intensidade dos sintomas;
Quanto ao tempo do início da doença;
Quanto ao exame radiológico.
E quanto ao aparecimento de sintomas como:
Agudas;
Subagudas;
Crônicas;
Com ou sem calcificações.
Os sintomas da forma aguda são: dor intensa na região da articulação escápulo-umeral agravada pelos movimentos; irradiação da dor para o pescoço, às vezes para o braço, inserção do deltóides e pontas dos dedos; limitação dos movimentos com dor extrema a ligeira abdução ou rotação; hiperalgesia na região do troquiter, apófise coracóide e sulco bicipital. Os sinais radiológicos são encontrados em 50% dos casos.
Na forma crônica encontramos os seguintes sintomas:
Atrofia do deltóide supra-espinhoso;
Incapacidade de movimentos articulação escápulo-umeral (abdução-rotação);
Dor localizada ou irradiada de pouca intensidade;
Hiperalgesia em nível do troquiter.
Os sinais radiológicos são de atrofia da grande tuberosidade do úmero (calcificações).
Exame físico
É o principal meio utilizado. Localizam-se pontos de maior sensibilidade à simples pressão digital (inserção supra-espinhoso, longa porção do bíceps, articulação acrômio-clavicular, apófise coracóide, bolsa subacromial).
O arco doloroso de Simmonds é freqüente. A abdução é dificultada na passagem da grande tuberosidade do úmero sob o acrômio.
A manobra de Yergason é positiva para alteração a longa porção do bíceps quando o braço estiver em abdução e o antebraço flexionado em 90 graus. A supinação e a contra-resistência despertam dor na corrediça bicipital.
Importante é o exame em nível do tendão do supra-espinhoso, em que se instalam lesões mais graves.
Elas se localizam em áreas correspondentes ao assoalho da bolsa subacromial, na qual o tendão do supra-espinhoso se adere totalmente à cápsula articular.
Exame radiológico
Freqüentemente o exame radiológico convencional se apresenta normal (valoriza-se o exame físico).
Pode encontrar-se:
Depósitos calcáreos – bursite calcárea e outras;
Osteoporose difusa ou localizada;
Condensação óssea – tumores;
Lesões líticas;Lesões degenerativas – artrose;
Redução do estreito acrômio-tuberositário (desgaste-desnutrição do manguito tendinoso).
Síndrome do impacto
É uma síndrome dolorosa do ombro acompanhada por alteração na mobilidade local, sendo caracterizada por uma tendinite, geralmente, do tendão do supra-espinhoso e bursa subacromial, com lesão parcial ou total deste ou de outros tendões.
Ocorre com maior freqüência acima dos 40 anos de idade, com predominância da etiologia traumática.
Sabe-se que o impacto causando atrito e posterior degeneração ocorre durante a elevação anterior do braço, ocorrendo contra superfície inferior do acrômio.
Alguns autores descrevem três fases clínicas:
Fase I: abaixo dos 25 anos, ocorrendo dor aguda após esforço prolongado. Nesta fase há edema e hemorragia em nível de bursas e tendões;
Fase II: entre 25 e 40 anos de idade e já começa fibrose e espessamento da bursa subacromial, além da tendinite. Paciente queixa de dor noturna e após atividades. Pode ocorrer ruptura parcial do manguito rotador;
Fase III: acima dos 40 anos. Paciente apresenta dor contínua com perda da força de mobilização devido à ruptura completa de um ou vários tendões.
Diagnóstico
Além da anamnese, podemos utilizar algumas manobras úteis no exame físico, damos preferência à mobilização ativa e passiva do ombro, deixando de lado inspeção, palpação a ausculta que nos fornecerão poucos subsídios diagnósticos.
Movimentos ativos podem estar alterados pela dor e, em casos mais graves, pode estar presente devido a capsulite secundária.
Os principais movimentos são:
Abdução do braço: aparecimento da dor entre 70o e 120o de abdução, conhecido como “arco doloroso de Simmonds”;
MÉTODO DE CODMAN
Baseia-se no ganho de mobilidade com exercícios específicos: o paciente em pé fará uma flexão ligeira do ombro e depois fará movimentos para a extensão, mais tarde para a abdução e adução, e finalmente movimentos circulares para a rotação externa. O objetivo destes exercícios é ganhar flexibilidade e aumentar o movimento articular. A seguir alguns dos movimentos propostos pelo método.
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